Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Arcebispo de Montes Claros (MG)
A
estatura da personalidade nos remonta ao ser pequeno ou agir como
criança na sinceridade, na vida simples, na sabedoria sem ostentação e
na humildade ou reconhecimento da verdade de si e dos outros.
Jesus
se tornou pequenino ao baixar-se de sua divindade à nossa pequenez
humana, tornando-se sem nada do que é material e sujeitando-se à leis
humanas. Ele afirma sua verdade de Deus, que faz confundir os sábios e
dar sua graça aos humildes: “Escondeste estas coisas aos sábios e
entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Mateus 11, 25).
Os sem
cultura intelectual, sem condição de bem estar, sem serem tratados em
sua dignidade de pessoas humanas e privados de toda sorte de vida digna,
são chamados a exercer liderança no rol do convívio humano. Jesus veio
colocar-se a seu lado, por opção de valorizar os que são considerados
sem valor econômico e social. Ele quer mostrar que a pessoa humana vale
por sua dignidade de imagem e semelhança de Deus e não por ter
prestígio, fama, coisas materiais e intelectuais. O ser humano, privado
de tudo o que é valorizado pela sociedade de consumo, mostra o porquê de
Deus, que se revela amante do humano pelo humano, ou seja, o valor do
ser filho e não do ter muitas coisas.
A
opção evangélica preferencial pelos empobrecidos nos coloca na
perspectiva do Filho de Deus, fazendo sua escolha pela vida e dignidade
dos seres humanos e não pelo que possuem do que é circunstancial e
passageiro. É claro que o ter o necessário para uma vida digna é
apreciado e essencial para a realização humana. Mas tudo é instrumento
para se perceber e valorizar a pessoa em si como criatura que merece
todo respeito. O lugar dos pequeninos é o ressaltar de seu valor em si
como humano, a ser respeitado, promovido e amado. Se todos
compreendessem isso teríamos mais solidariedade, promoção dos
empobrecidos, políticas e políticos com grandeza de caráter suficiente
para olharem, em primeiro lugar, para os pequeninos!
Jesus
promete estar ao lado de quem sabe carregar o peso de ter que enfrentar
todo tipo de problema, a começar por defender a causa dos pequenos, como
Ele fez: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou
manso e humilde de coração” (Mateus 11, 29). Não é fácil enfrentar uma
correnteza a favor do capital e do ter sempre mais e a oposição ao ser
solidário com a causa dos pequenos! Ele se tornou o “saco de pancada”
dos injustos, dos líderes que não queriam deixar seus privilégios e
mudar de vida! Ele defendeu a verdade, a justiça misericordiosa e o bem
da pessoa humana!
O
profeta Zacarias lembra a vinda do Rei pobre para ajudar a implantar o
Reino da justiça de Deus, que quer dar dignidade a todos os que são
marginalizados em seu valor perante Deus: “Ele é justo, ele salva; é
humilde e vem montado num jumento... eliminará os carros de Efraim...
anunciará a paz às nações” (Zacarias 9,9-10).
Com a
vinda do Filho de Deus os pequenos têm vez. A justiça é restabelecida. A
humanidade tem conserto. Os deixados de lado são incluídos na vida
digna. A vida humana se torna verdadeiramente humana, porque é
valorizada a pessoa acima de suas posses materiais.