Diariamente, sobre os altares de todo o mundo, o sacrifício incruento de
Jesus é renovado. Mas que sacrifício foi este? O sacrifício de, uma vez tendo
assumido nossa condição humana, assumir também os nossos pecados e as nossas
dores; o sacrifício de seu martírio salvífico na cruz. Ao derramar por nós o
seu sangue, derramou também o seu perdão.
Na noite anterior a sua Paixão Cristo quis se reunir com seus
discípulos. Jesus sabia que sua hora estava próxima e que seria entregue
naquela mesma noite, mas, mesmo com o coração e mente atribulados por estas
questões, quis celebrar a Páscoa com seus discípulos. Esta celebração foi a
Última Ceia do Senhor e seu significado não foi o de uma simples festa ou
comemoração, como somos habituados a pensar sobre celebrações em nosso dia - a- dia, mas o profundo e belíssimo significado de uma celebração cristã, que é
tornar presente o Mistério de Cristo.
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O preceito da celebração da Páscoa entre os judeus havia sido
estabelecido por Deus logo após Moisés guiar os judeus para fora do Egito. Esta
celebração era o memorial da libertação dos judeus do grilhão da escravidão, um
motivo de júbilo e louvor. E, assim como tudo o que Velho Testamento nos
apresenta, esta celebração era uma prefiguração do que estava ainda por vir.
A verdadeira libertação que Deus almejava para seu povo era a libertação
do mais terrível dos tiranos: o pecado. O pecado nos conduz à morte do corpo e
da alma e nos retira da presença do amor de Deus. Para nos livrar deste julgo,
Deus não envia a Moisés, mas sim o seu filho amado. Jesus, com sua morte na
cruz torna-se a vítima perfeita, o sacrifício derradeiro que lava e esmaga o
pecado em nós.
Durante a
última ceia, Jesus antecipa a seus discípulos a participação no mistério
salvífico que está prestes a se concretizar na cruz por meio da instituição da
Eucaristia. É nesta celebração que o novo significado de Páscoa se desvela aos
nossos olhos: Páscoa é Eucaristia, Páscoa é a morte e ressurreição do Cristo,
de Deus.
A celebração da
Quinta Feira Santa busca nos aproximar do que Jesus viveu, sentiu e desejou ao
se reunir com seus discípulos durante a última ceia. Por isto, durante a
reunião da assembleia, o padre repete o gesto símbolo da humildade e obediência
de Jesus: o Lava Pés (e por isto nos referimos a essa celebração como a Missa
do Lava Pés). Nesta ação, Deus se põe em serviço do homem e pede que façamos o
mesmo uns aos outros!
Embora não seja
um dia santo de preceito, a Quinta Feira Santa é o início do Tríduo Pascal, o
momento de maior importância no ano na vida de um cristão e, para bem vivê-lo,
é preciso vivê-lo por inteiro. Não incorre em pecado mortal o católico que não
comparece à missa, mas onde mais ele poderia desejar estar? A última ceia foi
preparada pelas mãos santas de Maria e dela participaram Jesus e seus
apóstolos. Judas, o traidor, deixou a celebração para ir entregar Jesus às
autoridades. Nós vamos ficar com Cristo ou deixá-lo?
