A ESPIRITUALIDADE DA VIGÍLIA PASCAL E DO DOMINGO DA
RESSURREIÇÃO
“Esta é a noite em que Jesus rompeu o inferno, ao ressurgir da morte vencedor”.
Preconio pascal
Lancemos um olhar sobre a noite
do Sábado Santo. No Credo professamos a respeito do caminho de Cristo: “desceu
a mansão dos mortos”. Não conhecemos o mundo da morte e podemos
representá-lo com imagens que são insuficientes. Mesmo assim elas nos ajudam a
entender algo do mistério.
Poucas celebrações litúrgicas são
tão ricas de conteúdo e de simbolismo como a vigília Pascal. Ela é o coração de
todo o ano litúrgico e dela se irradiam todas as outras celebrações, nesta
noite Santa a Igreja celebra de modo sacramental mais pleno, a obra da redenção
e da perfeita glorificação de Deus e de seu Filho Jesus Cristo, tornado para
nós um novo Adão, ao pagar nossa culpa se entregando a Morte e morte de Cruz.
http://www.ofielcatolico.com.br/2001/05/santo-sabado-de-aleluia.html
Para compreendermos melhor o
significado e valor desta Vigília, devemos mergulhar na antiquíssima tradição
da igreja que nos recorda: “Esta é a noite de vigília em honra do Senhor (Ex
12,42). Nesta noite os fieis trazem consigo suas lâmpadas acesas
assemelhando-se àqueles que esperam o Senhor no seu retorno, de maneira que
quando Ele chegar os encontre ainda vigilantes e os faça sentar á sua mesa (Lc
12,35ss).
A celebração cristã, é
enriquecida pela certeza de que vivemos a páscoa junto com o Senhor, que nos
ensina que para chegar à ressurreição da vigília, deve-se antes passar
pela morte da Sexta-feira Santa, ou seja, não há vida nova e ressuscitada sem a
Cruz que o Ressuscitado nos apresenta como a chave para todas as portas e, a
cura para todos os nossos males, a manifestação mais plena do poder de Deus e
do Seu Amor.
Diz o precônio pascal:
“Esta é a noite em que Jesus rompeu o inferno, ao ressurgir da morte vencedor.”
De fato esta é a grande noite, nela somos feitos livres de todo o pecado que
nos trouxe a morte, graças a um tão grande Redentor, que em si mesmo destruiu o
pecado e rompeu o inferno. Nesta noite a coluna luminosa dissipa toda a treva
e, congrega um povo novo, fruto da obra do Ressuscitado que passou pela Cruz.
Por isso Santo Agostinho já dizia: “esta é a mãe de todas as vigílias!”
A liturgia aplica a descida de
Jesus na noite da morte as palavras do Salmo 24 (23): “Levantai, ó portas, os
vossos dintéis, levantai-vos ó pórticos eternos!” A porta da morte está fechada
e ninguém pode voltar dali para trás. Para esta porta não há chave. Cristo,
porem, possui a chave, a sua Cruz abre de par em par as portas da morte. Elas
agora já não são intransponíveis. A sua Cruz, a radicalidade do seu amor é a
chave que abre esta porta.
O amor de um Deus que se fez
homem, pobre e vulnerável para poder morrer, só este amor tem a força para
abrir esta porta e transpor todas as outras assim como fez o Ressuscitado quando
apareceu aos discípulos (Jo 20, 19ss). Este amor é mais forte do que a morte e
nada pode apagá-lo. Ele pode tudo mudar, mesmo as situações de morte, pode
fazer passar da Morte para a Vida; do Homem Velho com seus vícios e pecados,
para o Homem Novo que confia em Deus e faz dele o seu Senhor.
